O horror do vazio*
18.2.09Almeida Santos, o presidente do PS, coloca-se ao seu lado e propõe que se discuta ao mesmo tempo a eutanásia. Duas propostas que em comum têm a ausência de vida. A união desejada por Sócrates, por muitas voltas que se lhe dê, é biologicamente estéril. A eutanásia preconizada por Almeida Santos é uma proposta de morte. No meio das ideias dos mais altos responsáveis do Partido Socialista fica o vazio absoluto, fica "a morte do sentido de tudo" dos Niilistas de Nitezsche. A discussão entre uma unidade matrimonial que não contempla a continuidade da vida e uma prática de morte, é um enunciar de vários nadas descritos entre um casamento amputado da sua consequência natural e o fim opcional da vida legalmente encomendado. Sócrates e Santos não querem discutir meios de cuidar da vida (que era o que se impunha nesta crise). Propõem a ausência de vida num lado e processos de acabar com ela noutro. Assustador, este Mundo politicamente correcto, mas vazio de existência, que o presidente e o secretário-geral do Partido Socialista querem pôr à consideração de Portugal. Um sombrio universo em que se destrói a identidade específica do único mecanismo na sociedade organizada que protege a procriação, e se institui a legalidade da destruição da vida. O resultado das duas dinâmicas, um "casamento" nunca reprodutivo e o facilitismo da morte-na-hora, é o fim absoluto que começa por negar a possibilidade de existência e acaba recusando a continuação da existência. Que soturno pesadelo este com que Almeida Santos e José Sócrates sonham onde não se nasce e se legisla para morrer. Já escrevi nesta coluna que a ampliação do casamento às uniões homossexuais é um conceito que se vai anulando à medida que se discute porque cai nas suas incongruências e paradoxos. O casamento é o mais milenar dos institutos, concebido e defendido em todas as sociedades para ter os dois géneros da espécie em presença (até Francisco Louçã na sua bucólica metáfora congressional falou do "casal" de coelhinhos como a entidade capaz de se reproduzir). E saiu-lhe isso (contrariando a retórica partidária) porque é um facto insofismável que o casamento é o mecanismo continuador das sociedades e só pode ser encarado como tal com a presença dos dois géneros da espécie. Sem isso não faz sentido. Tudo o mais pode ser devidamente contratualizado para dar todos os garantismos necessários e justos a outros tipos de uniões que não podem ser um "casamento" porque não são o "acasalamento" tão apropriadamente descrito por Louçã. E claro que há ainda o gritante oportunismo político destas opções pelo "liberalismo moral" como lhe chamou Medina Carreira no seu Dever da Verdade. São, como ele disse, a escapatória tradicional quando se constata o "fracasso político-económico" do regime. O regime que Sócrates e Almeida Santos protagonizam chegou a essa fase. Discutem a morte e a ausência da vida por serem incapazes de cuidar dos vivos.
* Mário Crespo, jornalista, in JN (16/02/09)
Uma espécie de webTV
15.2.09Serviu não só para adquirir alguma experiência nesta área, como também mostrar o que se pode fazer com tão pouco. Ainda ouvi alguém comentar que “olha que a escola tem câmaras!” Certo e sabido. Porém, coloca-se-me uma questão: Então se tem, porque não as rentabiliza, potenciando assim uma das áreas da Comunicação Social? A escola tem espaços, desde a sua origem, para estúdios de TV, porém, esta, nem vê-la. Tem custos? Sim, mas se não “se pode caçar com cão, caça-se com gato”. Quero dizer… aliás, já disse no início.
Tudo isto converge para uma série de outras questões: Que alunos se estão a formar? Para quê? Para quem?
Quando os “grandes” seguem os “pequenos”
12.2.09U. Leiria sem derrotas em 2009
Ano novo vida nova
Foto: Cássio festeja golo
Legenda: “Cássio marcou três golos no último jogo e já é o melhor marcador da equipa”
Entrada: “Duas vitórias e um empate, em três jogos, são o saldo da U. Leiria, em Janeiro. No primeiro dia do mês seguinte, nova vitória na Liga de Honra (ver resultados). Uma boa entrada no novo ano, que poderá moralizar a equipa rumo ao objectivo que definiu no início da época: subir de divisão.” in O Mensageiro, 5 de Fevereiro, p. 15
Depois do reveillon tudo corre bem para a União de Leiria
Ano novo, vida nova
Foto: Cássio festeja golo
Legenda: “Golos de Cássio fazem acreditar na subida de divisão”
Entrada: “Cinco jogos, quatro vitória e um empate. O maior activo da SAD, Fernando, foi vendido, mas o substituto Ricardo tem estado em grande na baliza. O ponta-de-lança Cássio afinou a pontaria, marcou cinco golos e foi eleito jogador do mês da II Liga pelo Sindicato dos Jogadores. Surge, também, Mamadou Tall, jogador do Burkina Faso, que passou de não convocado a esteio defensivo.” in Jornal de Leiria, 12 de Fevereiro, p. 41
Deliciei-me, sobretudo com a leitura. Não que o primeiro título – mais antigo que o segundo, mas com uma estrutura mais reduzida – tenha detido qualquer exclusivo. Simplesmente explorou um ângulo diferente, na sequência de mais um jogo. Foi de tal forma “interessante” a abordagem, que o segundo resolveu seguir as pisadas do primeiro. Espaço a mais ou escassez de notícias?
Está bem... façamos de conta*
11.2.09Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.
* Mário Crespo, jornalista, in JN (09/02/09)
Há uma primeira vez para tudo
10.2.09Exceptuando as horas impróprias de edição e um timbre pouco adequando a esta realidade, eis o resultado da primeira experiência…
Para quando um clássico sem casos?
10.2.09Primeiro, o Sporting x Porto, para a Taça da Liga, jogo em que apenas vi os lances chave. Entre eles, duas grandes penalidades que não existiram (ainda que a primeira tenha sido mais flagrante que a segunda). Acabou por ganhar (4-1) a equipa da casa, como já se esperava, atendendo às circunstâncias que envolveram o calendário de ambas as equipas, preparação física, rotinas e local do jogo.
Seguiu-se o Porto x Benfica, para a Liga, com novo protagonismo do árbitro. Sai mais uma grande penalidade. Ainda se poderia admitir um mau posicionamento do árbitro, para a decisão infeliz, no entanto, não foi o caso, já que este se encontrava a cerca de dois metros e de frente para o lance. Portanto, só ele é que viu motivos para assinalar a grande penalidade. No final, deu empate (1-1), justo, num jogo em que a equipa que estava em vantagem não merecia sair do "Dragão" com os três pontos, diga-se.
Contraditório foi o técnico azul-e-branco, ao afirmar que espera, contra o Sporting, conseguir "um resultado mais feliz do que o desta noite." Correcção, mister Jesualdo, se houve uma equipa feliz no Porto x Benfica, foi a sua. Pode agradecer ao "S. Pedro (Proença)".
JORNALICES take dois
8.2.09Alguns interregnos depois, regressa para ser um espaço de debate, para os que quiserem abordar o assunto. Estudantes, docentes, profissionais e/ou apaixonados do jornalismo… Depois de ler alguns testemunhos e preocupações dispersos pela worl wide web, considerei que seria útil juntar, no mesmo espaço, todos os contributos, importantes, que aqui e ali vão surgindo.
Novos media
6.2.09Já aqui registei um dos muitos olhares atentos às mutações que ocorrem, a cada instante, na “aldeia global”, ao nível da comunicação. A Internet é a principal ferramenta. Mas não é uma qualquer.
Luiz Carvalho fala de “uma nova tecnologia para uma nova linguagem”, ao nível da comunicação, ao relatar uma experiência vivida esta tarde. Curiosamente, acabamos por nos encontrar e falar sobre um ou outro tema relacionado com a profissão, mas sobretudo do motivo que levara a Leiria: jornalismo on-line.
Uma realidade que ultrapassa fronteiras geográficas e demográficas, graças à multimodalidade que nos leva à “emoção da notícia”.
Nós por cá
3.2.09Há dias, fui interpelado por uma colega de praça, que já anda nestas andanças há muito mais tempo, que exclamou: “és a única pessoa que critica os meus trabalhos!” Surpreendido, ouvi ainda: “…mas ainda bem.” A troca de impressões prolongou-se por alguns minutos, onde a auto-regulação, porque era disso que se tratava, foi abordada. Isto porque a comunicação social também tem a sua “ASAE”… ou pelo menos, assim pretende ser.
Hoje, tive acesso a duas reflexões interessantes: uma sobre a precariedade no meio e outra sobre o próprio meio, segmentada ao nível regional. Estas, fizeram-me recuar precisamente uma semana, naquele que foi um dia particularmente activo, com a apresentação do estudo sobre a radiodifusão local apresenta novos dados de análise para o sector, antecedido do arranque de um ciclo de encontros com a imprensa regional, cujos conteúdos apresentados, tive hoje acesso.
Nada de novo é o que me apraz dizer. Uma visita ao website da entidade e ter-se-ia acesso às preocupações existentes, bem como às diligências tomadas. Por outro lado, do falar ao concretizar as directivas sobre publicações de textos de resposta e de rectificação na Imprensa ou Publicidade em Publicações Periódicas, vai uma grande distância. Para tal, seria necessária a mobilização de todos: dos profissionais, que deveriam de ser os primeiros a dar conta dos incumprimentos (auto-regulação), dos leitores, telespectadores e ouvintes, que, na generalidade, pecam pela passividade (também se admite ignorância sobre determinadas matérias), e, por fim, da própria entidade, que deveria de reforçar a atenção nos órgãos sedeados nos pequenos centros. Estes, precisamente por não serem tão mediáticos como os nacionais, poderão ser os principais incumpridos (por desconhecimento da lei, o que é grave, ou má-fé, que ainda é pior). É só ler algumas deliberações referentes a títulos regionais, para se perceber as “borradas” que se vão fazendo aqui e ali, só porque se é proprietário ou director do jornal XPTO e, por isso, não há satisfações a dar a ninguém (e aos leitores, para quem se escreve e se assume um compromisso – Estatuto Editorial?).
Estava para escrever mais umas linhas, de outros fenómenos que se vão assistindo, mas fica para uma próxima oportunidade.